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  O vento hoje sopra uma saudade arteira uma saudade que se aprofunda é um sopro impiedoso que invade sem pedir licença e nos lembra De um abraço quente De um olhar morada De uma mão presença De uma voz ternura. A saudade mora aqui.... novembro de 2020 Dia dos que partiram Se foi, mas continua aqui Continua no cheiro No riso Na alma Se foi, mas continua aqui Em mim Em nós No lago Se foi, mas continua aqui No vento que é refrigério Na terra que é sustento Na cor das coisas miúdas Era voz Hoje a mudez é quem me diz Que enquanto houver alguém que lembre, a vida continua sendo morada na memória. Meu pai vive em mim Novembro de 2019 E então, no meio do caminho, para mim, ainda aprendendo a decidir passos e rotas, o teu tempo chega ao fim. Tuas linhas se findaram. As sementes florescem aqui. Aqui há teu perfume. Aqui cantarola aquela música. Aqui, tuas mãos rústicas ainda seguram as minhas. Aqui desfolha-se a saudade. Aqui, na minha memória, tua presença habita, porque a memória é o lugar on
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 SENTENÇA Dia dessa sorrateira saudade memória-menina que dança de mãos dadas com o sorriso leve balançando o corpo  na inebriante cena do carrinho-toalha que se arrastava no chão da casa - Mais uma vez! Dizia ela sorrindo. e com olhar de quem sabia que a faria voar arrastava-a por todos os cômodos por todos os sonhos de todos os medos nada seria tão intenso sem a dose demasiada daquele afago protetor era tão claro para ela  a quem fosse permitido inebriar-se do perfume-amor estaria condenado a viver inebriado do perfume-saudade cumpre-se a sentença, o dia está cinzento Márcia Dias

Da janela

  Da janela   Memórias, meu bem? guardo todas estão amarradas na relva rasteira na canção que anuncia soprada pelo vento torto que os seus olhos não veem basta-me o cheiro de suas mãos que entram pela janela para ressuscitar e fazer florescer aquela tarde novembreira de pés descalços e almas nuas em uma composição cheia de supressão não cantada, silenciada pelo barulho ensurdecedor de uma janela sem flores. Em que rastro eu te encontro agora? Quero devolver-te a lembrança dessas venenosas doses que me   desordenam   e me desmoronam e insistem em me lembrar do tempo perfumado da primavera. quero apagá-la desperfumá-la fechar as janelas sair por esta porta, na vaguidão,   em busca de outras mãos outros cheiros afagos e assim, esquecer de ti, para lembra quem sou.   Márcia Dias              

Indulgências

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 Abruptamente, a noite desceu Cruzou o Globo Rodou, ruiu e riu da infâmia de ser sol. Queimou, ela, a linha tênue das verdades.  Separou e uniu as singularidades de ser só Só eu Só meu Só teu  O silêncio grita das janelas fechadas. Nas ruas, os vácuos de ser chão, céu chuva, choro, visível permanecem abertos. Vai, voa, veemente, o vírus no alarido da cegueira. De joelhos, os cantos, as danças, as tintas sintonizam-se para recompor a nota harmônica de uma melodia destoada com os rios, as florestas, o ar, com o círculo plural. Alvitram o ontem, tantas quimeras. Obsecram as indulgências. Expurgam-se para tornarem -se incólumes De uma memória breve  que se vai como a noite. Poema publicado em:  Pandepoesia: primeiros dias de quarentena - Ruído Manifesto (ruidomanifesto.org)

Livros organizados

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No 29 de abril, às 19h30min, será lançada a 2ª edição do livro coletivo Diálogos entre lugares: educação, literatura e memória , idealizado e executado por professores e pesquisadores membros do Grupo de Estudos Interdisciplinares das Fronteiras Amazônicas (GEIFA). O livro é composto por 20 artigos científicos que abordam os mais diversos temas, como: Relações de gênero, Relações raciais, o Rap, Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), Literatura indígena, Literatura Afro, Narrativas orais, Espaços ribeirinhos, Mulheres no contexto dos seringais etc. Os (as) pesquisadores (as) e, por consequência, as pesquisas, se debruçaram sobre os mais variados espaços sociais de Rondônia, como: Porto Velho, Nova Mamoré, Guajará-Mirim, Vila Murtinho, Reserva Extrativista Rio Ouro Preto, dentre outros. A 1ª edição do livro foi publicada em 2020, pela Temática Editora, sendo dos mesmos organizadores e pesquisadores: Auxiliadora dos Santos Pinto, Bethânia Moreira da Silva Santos, Eva da Silva Alves, Márci

Obras publicadas por Márcia Dias

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 Para adquirir as obras, entrar em contato via whatsApp 69-999644312 ou por e-mail marcia.santos@unir.br 

POEMAS

Desvarios   as palavras amareladas na escrivaninha jogadas sobre aquele papel amassado, cheirando céu nublado tantas nervuras que arranham a cor gelada do meu gemido travo-te, mais uma vez, entre minhas pernas trêmulas já é hora de partir? vais deixar a candura desse cheiro de vento que sopra na janela aberta para o sol que insiste em revelar nossos segredos? deita aqui, deixe-me te embalar nos meus quadris deixe-me te afagar com minha língua quente em um movimento lento que molha essa esperança azul céu venha dançar sobre meu corpo com essas mãos frenéticas enquanto minha vontade está ébria segura-me junto a ti encosta teus lábios em meus seios descompassados amortece esse tempo soberano lentamente                    lenta                      lenta  lenta lenta lenta lenta mente levanto olho para a mesa o papel, as palavras bebi todas que havia escolhido para escrever-te emudeço no grito-dor, na vontade-cheiro, na primavera-escura nesse m
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E a poesia é assim:  É mais sentir do que ler. É  mais tocar que pegar. É mais ouvir que falar.  Poesia, para mim, é escape de um mundo brutal, bestial , de grandes insignificâncias.  Poesia, para mim, é eco de um grito velado. É ouvir o que não foi revelado. É rir de um gesto antiquado. É fugir de qualquer desamor. O que tenho de índio, o que tenho de negro, o que tenho de branco, o que tenho de mim, a poesia me diz. Clarice já disse que a vida é um soco no estômago. Eu acrescentaria que a vida é caminhar em cordas bambas. E vou seguindo, insistindo na arte de orientar-me. Ensurdeço aqui... Estardalhaço ali... E vou poetizando.... Por isso, afirmo que diante de tanto dissabores, a vida seria mais bonita se poesia fosse sentimento e se as pessoas dissessem: Eu sinto tanta poesia por você! (Márcia Dias)
  Gestado pelo Jaçanã   Ruas bifurcadas que não chegam mais às esquinas encharcadas de transeuntes. A escassez de gentes com a pulsação acelerada deu lugar a maciças ideias de verdejar o labor. Em casa, as crianças sorriem, gritam, choram, brincam e saem. Já não há mais o temeroso Invisível suspiro que toca e afasta as mãos e anula os abraços. É tempo de aproximação. As máscaras (re) existem nos rostos daqueles que outrora não ouviam o canto pandêmico dos loucos das janelas. Tantas balbúrdias afrontosas sobre uma inexistência que só os olhos de quem era tocado por Bertold Brecht poderiam ver o mar de tubarões em busca de peixinhos que ficariam à deriva ou seriam sufocados. Respirou-se como pode. Asfixiou-se onde estavam. Depois, ressurgidos, continuaram pássaros e peixes cantando uma nova melodia para loucos dançarem. Hoje, talvez os tubarões tenham menos fome. A linha tênue das (in) certezas não permite mais a abundante mordida. Verdejou. A cor da fé é