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Palavras de um Setembro Setembro chegou de mansinho na zombaria noturna de um sábado amanhecido. Assim, bem cedo, entre os jasmins, tão só. Trajando vestes de ouro, trouxe na bagagem de palha, duras lembranças dos outros meses partidos. Prantos e saudades que se exprimiam em seu bolso do peito. Na festa de boas vindas, chegou logo procurando lugar para sentar, sedentário e pouco apetitoso, estava ele também cansado do vasto peso que dão ao seu robusto corpo. Já não era tempo, mas se assim o tivessem, decerto, muitos o adiariam. Os sábios fugiriam para o monte, e um monte para Deus, enquanto o Setembro apenas chora as suas perdas. Mórbido e órfão de paz. No entanto, consolado ao ver, a vívida Esperança e esperançosa Vida brincando de existir no campo de um novo dia, verdinho... Infelizmente, alguns troncos secos de árvores não suportaram o vento forte do agosto - que de tanto desgosto precocemente morreu, embebecido. – e mesmo desconhecendo o sabor do gosto de Deus, a cidade cobriu-se

kromikact Nim’ / saudades - Orowao Pandran Canoé Oro Mon

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kromikact Nim’ / saudades Faz tanto tempo, ainda assim sinto teu cheiro, fecho os olhos, me vem a mente você, a nossa vivência esplêndida permanece em mim. Ainda posso sentir o sabor da sua culinária peculiar, que preparava carinhosamente para me acalmar e me abastecer nos horários mais inoportunos, muitas vezes nas altas madrugadas. És uma das melhores lembranças de minha infância. Foi tudo tão intenso, em um período você foi meu pai, minha mãe, avó, uma das melhores bisavós do mundo. Nós nos completávamos, enfim vivemos o ápice dos melhores anos do Patauázal. Torço verdadeiramente para que em algum canto deste imenso universo, dois seres humanos possam viver algo semelhante ao que compartilhamos, não há palavras para definir, é preciso sentir. Recordo-me da última visita em vida, eram “novos tempos” tive que partir. Era preciso frequentar a escola, voltar à convivência com meus pais e irmãs, e preparar-nos para as mudanças incessantes, mas acima de tudo preparar-nos para continuarmos

As águas do Mar - Por Marlon Pereira

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Nada jamais se igualará aos dias em que o céu com todo o seu peso divino desaguou ao mar, refletindo sobre a terra as águas em que se banhavam os anjos. Frente à vida, no mar, fez-se uma vez um garoto que sonhava em tocar o céu com a ponta da língua. Só apenas uma. Afinal, como poderia ser duas, três, ou mais vezes, se lhe faltou sempre força ao remo, se tudo o que fez nesta única chance que lhe foi dada, foi colecionar saudades? Na prateleira firmada a uma das paredes de sua alma, estavam todas as suas saudades em ordem de intensidade. Saudade de tudo que teve, e que se perdeu ao vento, para o tempo. De tudo que em vida desejou, mas que por um motivo tão desconhecido quanto à própria vida, nunca chegou a tocar. Vivia aprisionado às lembranças que a sua mente de marinheiro menino vez ou outra tratava de sabotar. Antes, verdades abstratas, em seguida, saudades concretas. Deu-se sempre assim o menino, sonhando com grandezas. Desejando navegar por entre as águas do mar que desaguav