Da janela
Da
janela
Memórias, meu bem?
guardo todas
estão amarradas na relva rasteira
na canção que anuncia soprada pelo vento torto que os
seus olhos não veem
basta-me o cheiro de suas mãos que entram pela janela
para ressuscitar e fazer florescer aquela tarde
novembreira
de pés descalços e almas nuas
em uma composição cheia de supressão
não cantada, silenciada pelo barulho ensurdecedor de
uma janela sem flores.
Em que rastro eu te encontro agora?
Quero devolver-te a lembrança
dessas venenosas doses
que me
desordenam
e me desmoronam
e insistem em me lembrar do tempo perfumado da
primavera.
quero apagá-la
desperfumá-la
fechar as janelas
sair por esta porta, na vaguidão, em busca de outras mãos
outros cheiros
afagos
e assim, esquecer de ti, para lembra quem sou.
Márcia
Dias
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