E VOCÊ, QUER?

TEXTO PUBLICADO EM http://www.portalmamore.com.br/ .



Outro dia ouvi uma música que me fez pensar: - “ Oba, vou ganhar um bom dinheiro como compositora!” .
A letra da música resumia-se em repetir (não consegui contar quantas vezes) o pronome pessoal de tratamento “você” e o final, bem baixinho e sensual, concluía a perguntar com o verbo querer. Era, mais ou menos, assim:
- Você (bis, bis, bis....) quer?
Bem, analisando a criação ( berrante) fiquei imaginando: “- Os pronomes pessoais tem três pessoas no singular ( eu, tu, ele) e três pessoas no plural ( nós, vós, eles), sendo assim, dar-me-ão a oportunidade de “criar” uma música com um desses pronomes, ou com os seis ( estou Rica!!!). Eu poderia, inclusive, criar com a mesma segunda pessoa do singular; trocando o “você” por “tu” e assim cantar:
- Tu (repita quantas vezes quiser), depois termine com uma voz sensual, queres?”
Na verdade, isso vem acontecendo há tempos com nossa música “Popular” brasileira. Antes Caetano sugeria aos homens para que cantassem às suas amadas:
- Debaixo dos caracóis dos seus cabelos, uma história pra contar, de um mundo tão distante. Hoje, os homens cantam:
- Vô sim, posso sim, quero sim, minha mulher não manda em mim.
- Na sua boca eu viro fruta, chupa que é de uva.
Esses horrores vêm invadindo os lares das famílias, espalhando-se na boca das crianças, pois pais inconsequentes, colocam essas “coisas” para que seus filhos ouçam. O triste é saber que são conceitos que se vão inserido na vida dessas crianças. Elas reconhecem o mundo através dos conceitos que elas absorvem. Aprendem, com as músicas, que “beber é bom demais”. Que “ Amor de rapariga é bom demais”. “Que se for pescar lá tem sete mulheres para cada homem” (Bruno e Marroni). Ah, e que “ lavou tá nova.”
Muito me intriga quando vejo esses “compositores” ganhando dinheiro para propagar conceitos tão promíscuos. Por que não falam do amor na forma mais sublime de amar? Por que não ensinam seus fãs que família é uma instituição a ser respeitada? Que o sexo está atrelado ao amor singelo? Que se você beber, você cai, mas contrariando uma famosa letra, você não levanta.
Já que são eles os detentores do sucesso, dos fãs, a responsabilidade também é deles.
Por que se ouve tão pouco Caetano? Por que os nossos adolescentes se espantam quando falamos em Chico Buarque, Dorival Caymmi, entre outros COMPOSITORES?
Diante das opções pergunto: “É isso que VOCÊ QUER? Somos nós os detentores do poder da escolha. Fazemos escolhas a todo tempo na vida. E para fazê-las, fazemos com critérios. Isso também deve ser feito com nossas músicas.
Perdoem-me os fãs, até mesmo os artistas dessas músicas. Mas meu apelo é para que se use nossa Língua Portuguesa, não para profanar princípios, mas sim inserir, a nossas crianças e jovens, palavras, conceitos que somados aos atos, transformar-se-ão em aliados à uma boa educação, resultando assim, em uma sociedade mais ética e cheia de princípios morais.


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