Sempre é tempo de continuar!

É tempo de refletir! Virada de ano é tradicionalmente um momento propício para avaliar o tempo que nos foi dado para viver e o que virá com a chegada de um novo ano. É tempo de refletir sobre o tempo! Não é uma tarefa tão simples. Pensar no que foi e o que será de nossa vida. Sobre o tempo, há muitas reflexões, muitos autores, poetas, pensadores, até religiosos já escreveram e tentaram conceituar e analisar esse poderoso condutor da vida! Quintana já nos disse que “ o tempo é um ponto de vista”, é bem verdade isso, creio que do seu olhar, do olhar local é que saem acertos e erros acerca daquilo se vê. As pessoas vivem tempos diferentes. Somos seres que olham em tempos diferentes. E essa diferente forma de enxergar o tempo é muitas vezes um elemento de conflito. As pessoas esperam o tempo de mudança. Penso e reafirmo que ficamos esperando um tempo que vai chegar, planejando como se essa fragmentação significasse, de fato, um tempo certo para agir. Não acredito que seja o correr do tempo ou a espera do tempo que dê ressignificações para nossas vidas. Temos o triste vício de orientar nossas ações pelo tempo fragmentado do calendário. A chegada de um novo ano é como qualquer chegada de um novo instante. O tempo que tenho para fazer as mudanças necessárias é agora, nada além disso, e como bem lembrado por Chaplin “Cada segundo é tempo para mudar tudo para sempre” e bem cantado pela banda Legião Urbana em sua música Tempo perdido [...]Todos os dias quando acordo. Não tenho mais o tempo que passou. Mas tenho muito tempo. Temos todo o tempo do mundo. [...], o tempo é instante! A bíblia sagrada diz que há tempo determinado para tudo! Em Eclesiastes, temos um belo texto sobre o tempo: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou; Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar;Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar;Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar;Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora;Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar;Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.”(Eclesiastes 3, 1-8) O ano de 2016 foi um tempo vivido e não foi um ano fácil. Tivemos muitos acontecimentos que nos recolocaram diante das fragilidades e inconstâncias da vida. Somos sujeitos reféns do tempo. Sobre o tempo, podemos pensar: - que o tempo é sorrateiro; - que o tempo de mudança é muito individual; - que quem espera também alcança; - que as pessoas que se amam devem viver sobre o mesmo tempo; - que o tempo revela a personalidade; - que esperar pelo tempo de Deus dói, mas vale a pena; - que ainda vivemos e viveremos em tempos de conflitos na humanidade; - que pode passar muito tempo, mas aqueles que amamos viverão o tempo da eternidade em nossas lembranças; - que a paciência é uma irmã querida do tempo; - que a distância, nem com o tempo, afasta as pessoas que realmente são importantes em nossas vidas; - que o tempo dedicado às pessoas que amamos é precioso; - que aquele tempo do abraço de despedida, pode ser o último tempo que você pôde dedicar à pessoa que ama, por isso, abrace forte sempre! - que o tempo não castiga, traz apenas as conseqüências de nossas escolhas, por isso, escolhamos bem! Assim, entendo a mudança de calendário como um ilusório tradicional fechamento de ciclos, já que a vida não tem paradas. O tempo não para e se renova por que no calendário isso acontece. O tempo é continuação. Percorremos sem cessar as estradas da alma, o itinerário da vida que é sempre à frente. Belchior já cantarolou e eu desde os meus 14 anos cantarolo junto que “ o passado é uma roupa que não nos cabe mais”, o tempo vivido não nos pertence, a nós não foi dado poder algum de lidar com o ele. Portanto, já que no calendário gregoriano, que é o que usamos, vai haver um “recomeço”, vamos tentar recomeçar, mas não com a ilusória sensação de que isso é o suficiente para promover as mudanças necessárias em nossas vidas. Recomeçaremos de onde estamos, assim, daremos apenas continuidade, alterando rota, mudando de direção se for necessário, dando passos pequenos, porém precisos, crendo que melhor que viver muitos anos de renovação de calendários, é viver instante satisfatórios que promovam em nós a maravilhosa e leve sensação de que estamos plantando e regando as flores que deixaremos quando nosso tempo expirar! Que venha 2017!

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