Não quero nada do que sobra, quero ser o que falta.

Em meio a um silêncio que acalma a alma, há dúbias sensações quando paro e penso no que faz minhas angústias mundanas reaparecerem. Sei que assim como li nas palavras de um amigo , Eduardo Galeano, um escritor uruguaio, é a utopia que me faz caminhar. Sem ela, fico inerte. Mas
desespero-me ao me encontrar solitária e esperançosa de um mundo melhor, onde o obsoleto, ainda que não deva, fique apenas para as coisas e não para as pessoas. Tudo é passageiro, tudo é descartável, tudo é substituído. Se não me serve, abandono. Sinto que meu coração não cabe no mundo, mas o mundo também não cabe em meu coração. Parece que as pessoas se esqueceram de onde vieram e que, por mais que não queiram e não acreditem, retornarão ao pó! Talvez aí esteja umas das questões: ACREDITAR! As pessoas não se aproximam porque não acreditam umas nas outras. Em uma música composta por Duca Leindecker e gravada pela banda Pouca Vogal, percebemos uma interessante reflexão acerca desta questão:“Se alguém já te deu a mão. E não pediu mais nada em troca, pense bem, pois é um dia especial. Eu sei que não é sempre que a gente encontra alguém que faça bem e nos leve desse temporal. O amor é maior que tudo do que todos até a dor se vai.Quando o olhar é natural.Sonhei que as pessoas eram boas em um mundo de amor.E acordei nesse mundo marginal”. Infelizmente é neste mundo marginal que vivemos. Às margem do outro. Não junto, mas à margem. A fé, não a fé que EU TENHO EM DEUS, mas a fé de acreditar em alguma coisa. Seja ela qual for. Mesmo sendo diferente da minha, mas que seja acreditar em coisas que contribuam para o bem comum. Percebemos a relação recíproca que as pessoas têm. Aproximo-me de quem pode me ofertar algo. É fácil relacionar-se assim. Dar regalias, para ter regalias. Isso demonstra que ficamos indignadas porque alguns políticos são corruptos simplesmente porque não estamos no lugar deles. Existe um mundo à margem de nós que clama por socorro. Existem pessoas que precisam apenas acreditar que elas são pessoas, mas com nossas atitudes provocamos ondas contrárias na vida delas. Falta empatia no mundo. Falta consciência de ser um e muitos. Falta amor, amor da forma mais sublime. Falta ser gente, como gente. E sobra, sobra soberba, pretensão, sobra arrogância e egoísmo. Não quero nada do que sobra, quero ser o que falta.

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