Apenas Ser humano.
Todos sonhamos com um mundo mais justo, mais humano. Um mundo onde as diferenças sejam consideradas e respeitadas. Um mundo onde o ser humano seja consciente que é o ator principal de sua história. Na verdade, observamos muitos homens/humano sem uma concepção estabelecida do que é SER (do verbo SER- Eu sou, tu és, etc.) humano. SER humano é ser singular, autônomo, pensante, verdadeiro, emotivo, sensível, ativo, entre outras características humanas. Todavia, muitos SERES humanos do século XXI, resumiram-se em SER um humano singular, individualista e irresponsável em suas ações. O homem, que deveria ser ativo, responsável pelos seus atos, suas escolhas, suas ações, vive uma prática de batata - quente. Pensar que nossas ações são singulares e que independem da vida do outro é uma maneira egocêntrica de SER humano. Somos únicos, entretanto, nossas vidas são entrelaçadas na vida do “outro” e nossas ações são reflexivas na sociedade em que vivemos. E esse humano, responsável pela formação da sociedade, deixa-nos preocupados, pois observamos que a formação da futura sociedade está ameaçada.
Sabemos que a escola é uma das responsáveis pela construção da sociedade e que as crianças de hoje são o futuro de amanhã (Isso é chavão, mas é verdade). Infelizmente, se observarmos a atual estrutura das nossas famílias veremos que existe mais uma coisa para nos preocuparmos: O Ser humano deixou de ser responsável por seus atos e ações. Joga essa responsabilidade para o “sistema” quando, na verdade, faz parte desse sistema. Esse “tal de sistema” também é movido por nossas ações. Percebemos filhos sem pais, pais sem filhos e uma sociedade órfã. O reflexo disso é uma desestrutura alarmante em nossas escolas, tendo em vista que é na escola que podemos perceber como está estruturada nossa sociedade.
Quando vemos que a escola tem uma boa comunidade escolar onde os pais são presentes e os filhos correspondem a essa presença dos pais observamos que fora da escola a comunidade também é de sucesso. Todavia quando a comunidade escolar é problemática também verificamos que isso é externado e comprova que existe essa dualidade.
O que podemos frequentemente, observar são nossas crianças que chegam às escolas carentes de um lar. Lar este, desprovido de fraternidade, de amor, atenção, na verdade de uma estrutura básica. Em nossas experiências escolares, podemos perceber que ao conhecermos a realidade familiar de alguns alunos, surpreendemo-nos com o que nos deparamos: parcial ou total desestrutura familiar. Além dos problemas já conhecidos da desestrutura, no momento em que vivemos, observamos filhos sendo deixados para trás e pais buscando emprego longe de casa, especialmente nas construções das Usinas. Famílias que já estavam reduzidas. Só o pai ou só a mãe, agora se resumem a avós, tios, padrastos ou madrastas, quando não ficam sozinhos.
Colocamo-nos em reflexão para analisar o resultado dessa desestrutura. De acordo com Marx, o homem não passa de um conjunto de relações sociais, o qual destrói a pessoa individual e a torna uma função dentro do progresso da sociedade. O indivíduo, portanto, dilui-se no processo sócio-histórico. Se o homem se constrói a partir do meio em que vive, se define uma cultura e passa a ver o mundo através dessa construção, como transformar um aluno que vive nesse contexto e que nos chega às escolas com uma visão e uma razão de ser diferente das que propomos?
Sonhamos com a transformação da sociedade, entretanto nossos sonhos parecem transformar-se em pesadelos. Reuniões escolares, ações educativas que acompanhadas pela família transformar-se-iam em aliadas na batalha ao fracasso escolar e social estão se transformando em obrigações (no sentido mais literal da palavra) que geralmente não têm a presença dos pais.
Quando ratificamos que o Ser humano tem sua grande parcela nessa construção de identidade social falamos sobre as ações que devem ser feitas na vida de um individuo para que se construa essa identidade. E nos preocupa saber que os principais responsáveis por esse papel estão se desligando de suas funções vitais que são as de serem pais e mães com toda sua simplicidade de SER.

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